A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Crise Aérea leu hoje as informações contidas nas caixas-pretas do Airbus 320 da TAM que colidiu com um prédio após pousar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, no dia 17, matando quase 200 pessoas. Embora os dados sobre aceleração da aeronave e posição dos equipamentos, entre 60 parâmetros, estejam disponíveis aos deputados, o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), considerou precipitado qualquer comentário sobre essas informações.

Em reunião secreta, os deputados tiveram a ajuda do chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho, para entender gráficos e números sobre as condições da aeronave entre o pouso e a colisão. “Todas as informações que a CPI tem são preliminares. Só a análise delas permitirá dizer quais são as responsabilidades pelo acidente”, avisou o relator, lembrando que é preciso, por exemplo, sincronizar todos os dados da caixa-preta com o diálogo da cabine (veja a íntegra abaixo), lido pela manhã na comissão.

Maia afirmou que ainda é cedo para dizer se houve falha dos pilotos ou do equipamento do Airbus. Ele considera irresponsável a divulgação das informações apresentadas hoje na reunião secreta da comissão. Pela gravação de voz, analisa Maia, todos os procedimentos para pouso foram adotados, mas isso não é conclusivo. “Podemos descobrir depois que algum parâmetro estava errado e os pilotos não perceberam”, ponderou o relator. Para ele, a única hipótese cada vez mais afastada é de que a pista de Congonhas tenha tido influência no acidente.

Os deputados começaram seus trabalhos pela manhã lendo a transcrição dos últimos 12 minutos de conversas gravadas pela caixa-preta do avião. As transcrições registram que:

– às 18h43, os tripulantes fizeram referência à falta de um reverso no avião;
– às 18h47, perguntaram as condições da pista e ouviram como resposta que ela estava molhada e escorregadia;
– às 18h48, pelo som gravado na cabine, é possível presumir que o piloto assumiu o comando da aeronave para o procedimento de pouso. Os spoilers (freios aerodinâmicos) falham quando acionados, e o piloto não consegue parar a aeronave.
– Em seguida, vêm as frases finais, ditas já em solo: “desacelera, desacelera, desacelera”; “não dá, não dá, não dá”; e “vira, vira, vira”.
– Depois disso, a transcrição não é exata, mas informa que há sons de colisão e gritos.

Por fim, a CPI aprovou requerimentos para convocar, entre outros, o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim. A data do depoimento ainda não foi marcada. Para o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), “é preciso tempo para ele [o ministro] tomar pé da situação.” O relator disse ainda que esse também é o motivo que levou a comissão a adiar o depoimento do comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Juniti Saito, previsto inicialmente para hoje. A CPI ainda não marcou nova data para o depoimento do comandante.

FONTE: Agência Câmara – Redação – Sâo Paulo/SP

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