Os credores da Varig rejeitaram em assembléia nesta segunda-feira a compra das ações da controladora da empresa, Fundação Ruben Berta, pela empresa Docas S.A., de Nelson Tanure, dono do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil.

Segundo a assessoria de imprensa da Varig, em vez disso a assembléia aprovou o plano de recuperação judicial da companhia, que prevê a venda imediata das empresas VEM, de manutenção, e VarigLog, de logística, e alienação posterior da Varig.

Entre outros pontos, o plano prevê a criação de quatro fundos de investimentos de participação (FIP) e o aumento da frota da Varig, hoje com 58 aviões em operação, para 69 aeronaves, até o segundo semestre de 2006.

Os fundos de investimentos serão usados para abrigar ações de credores que desejem participar do capital da empresa em troca de suas dívidas.

A TAP comprou as empresas VEM e VarigLog no mês passado, por US$ 62 milhões, evitando o arresto de 40 aviões da empresa brasileira, mas poderá ter que revender as companhias à Fundação Ruben Berta se uma proposta maior for apresentada.

A assembléia de hoje ocorreu apesar de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, que a suspendia. Porém, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, afirmou a jornalistas ter informação de que a assembléia era válida.

“Pelas informações que tenho, a assembléia é válida e estamos abertos a propostas”, disse ele, afirmando que poderia analisar ainda ofertas da TAP ou da Matlin Patterson, caso sejam apresentadas.

Reagindo à decisão da assembléia, o vice-presidente da Docas, Hélio Tucker, afirmou que a questão deve ser resolvida na Justiça, segundo a Globo News.

A transação com Tanure, envolvendo o pagamento de US$ 112 milhões pela compra de 25% das ações ordinárias (com direito a voto) da Fundação Ruben Berta, controladora da companhia aérea, foi acertada na semana passada entre a direção da FRB e Tanure, mas dependia da aprovação dos credores da Varig, que votaram contra a operação.

Entre os credores que votaram na assembléia estão os empregados, na chamada classe 1; os créditos com garantias ou classe 2, que têm como maior representante do fundo de pensão Aerus; e os créditos sem garantia, denominados classe 3, com votantes como Petrobras Distribuidora e Boeing.

Na semana passada, uma proposta do grupo Docas pela compra de ações da Varig fez com que o comando da companhia aérea trocasse de mãos por quatro vezes em cinco dias.

O Docas é propriedade do empresário Tanure. Na última segunda-feira, ele ofereceu US$ 112 milhões por 25% das ações e mais usufruto de outros 42% da companhia por 10 anos – pacote que lhe garantiria o controle da empresa.

A negociação foi anunciada, mas a Justiça do Rio adiou sua concretização até o dia 19 de dezembro, esta segunda-feira, quando seria realizada a próxima assembléia. Como a Varig passa por um processo de recuperação judicial, a compra das ações precisaria passar pelo crivo de credores, da Justiça do Rio e do Departamento de Aviação Civil.

Na quinta-feira, juízes da Vara Empresarial do Rio afastaram a Fundação Ruben Berta do controle da aérea, após a principal acionista da empresa entrar com pedido de desistência do processo de reestruturação judicial da Varig.

Com a decisão, o controle passou ao conselho de administração da companhia.

Poucas horas depois, no entanto, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro devolveu o comando da companhia à fundação, alegando que o afastamento também deveria ser aprovado pelos credores.

Na noite deste domingo, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, reconduziu o controle da Varig à Fundação Ruben Berta e suspendeu a assembléia marcada para esta segunda-feira.

FONTE: Agência Brasil – Agência Brasil – São Paulo/SP

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