As medidas emergenciais anunciadas pelo Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil) na última sexta-feira (20 de julho) não foram suficientes para reverter a tendência de queda dos papéis de GOL e TAM.
As ações preferenciais da GOL acumulam oito sessões consecutivas de baixa, período em que a cotação deste papel passou de R$ 57,79 para R$ 48,32 (preço de encerramento da última quarta-feira), desvalorização de 16,39%. Já as ações da TAM encerraram os sete últimos pregões com acentuadas perdas, período em que estes papéis se desvalorizaram 21,58%.
Na avaliação da equipe de analistas da Planner Corretora, as perspectivas para setor aéreo são negativas no curto prazo, embora as medidas impostas pelo governo para o médio e longo prazo já sejam um começo de novos horizontes. Neste contexto, a recomendação e os preços-alvo da Planner para os papéis de GOL e TAM estão em revisão.
Para a instituição, o pacote de medidas anunciado pode trazer alívio no curto prazo, porém, não significam soluções. Na opinião da corretora, há problemas generalizados dentro do setor, como má gestão, burocracia, falta de integração entre os órgãos reguladores e conflito de interesses políticos entre as autoridades do setor.
Dentre as propostas anunciadas pelo Conac está a redistribuição de parte da malha de vôos de Congonhas (o aeroporto mais movimentado do país). Para a Planner, estas mudanças podem impactar os custos das companhias aéreas do país, além de abrir margem para reorganização de planos de frota, com possíveis cancelamentos de aeronaves a serem recebidas ou até devolução de algumas aeronaves existentes.
Além disso, a corretora acredita que as empresas internacionais teriam que rever seus acordos bilaterais com as companhias aéreas brasileiras, no objetivo de estabelecer um novo ponto de conexão de passageiros.
Outro ponto abordado pela Planner é a possível busca de meios de transporte alternativos (como o rodoviário) pelos passageiros de ponte-aérea, que, nos cálculos da corretora, correspondem em média a 13% das receitas de TAM e GOL.
“Isso provocará uma redução nos RPKs das companhias nos próximos meses, gerando taxas de ocupação mais baixas, o que leva a possíveis reduções da tarifa média, conseqüentemente, um faturamento menor e yield menos rentável”, dizem os analistas.
A Planner acredita que o setor aéreo precisará de investimentos pesados – como trocas de equipamentos obsoletos nos controles de trafego aéreo e reformas em aeroportos existentes – para elevar a capacidade. Para a corretora, o crescimento da demanda de passageiros nos próximos meses poderá ser menor do que o visto no primeiro semestre deste ano devido à maior influência da crise.
FONTE: Aviação Brasil via Infomoney – Juliana Pall Farias – Sâo Paulo/SP