Aos 71 anos, morreu ontem, de câncer, no Hospital da Aeronáutica do Galeão, o coronel-aviador Antônio Arthur Braga.
Ele era uma figura lendária da Força Aérea Brasileira devido, sobretudo, à audácia e segurança com que pilotava seu T-6, um avião da Esquadrilha da Fumaça, da qual chegou a ser comandante.

Sua figura imponente e o jeito informal que bem casava com o macacão de vôo tornaram-no conhecido e popular nas muitas e muitas vezes em que se apresentou integrando a esquadrilha com seus aviões pintados de azul, branco e vermelho, em todos os rincões do Brasil. Os vôos rasantes e as piruetas que fazia deixavam muitas vezes o público em suspense. De acordo com um comunicado distribuído ontem pelo Comando da Aeronáutica, o coronel Braga ”arrancou suspiros e aplausos de milhões de pessoas com suas arrojadas e seguras acrobacias aéreas”. Com mais de 10 mil horas de vôo, passaram de mil as demonstrações no ar das quais, durante 17 anos consecutivos, ele fez parte, nos céus do Brasil e de diversos países da América do Sul e América Central.

Graças ao coronel Braga, milhares de jovens brasileiros sentiram também vontade de voar e se tornaram pilotos civis e militares. Colegas de profissão reverenciavam-no e aprenderam a ver nele o maior relações-públicas da Aeronáutica no Brasil.

Era paulista, da cidade de Cruzeiro, mas gostava de dizer que era ”um carioca de coração” e um apaixonado pelo bairro onde sempre viveu – Botafogo.

Estudou na Escola de Aeronáutica, para onde entrou em 1950. Cinco anos depois, era cadete, no Campo dos Afonsos. Ali foi também instrutor de vôo e diretor do Museu Aeroespacial (Musal), em Marechal Hermes, criado em 1971 por iniciativa do então ministro da aeronáutica Araripe Macedo. Nesse museu encontram-se cerca de 50 aeronaves e mais de 4 mil volumes, além de fotografias, slides e mapas que documentam a história da aviação no Brasil – em grande parte conseguidos pelo major Braga, quando esteve à frente do Musal. O avião North American T-6 com que o presentearam em 1978 lá se encontra também.

Em 1995, o próprio coronel Braga escreveu, na revista Skydive, uma página em que recorda como, nos anos 50 – quando era ainda simples cadete e junto com os colegas fazia ginástica num campo de futebol do Campo dos Afonsos – lhe nasceu a vocação de voar e que depois se tornaria sua maior paixão: ”Súbito, fazendo um enorme ruído, surgem no céu, em formação, quatro aviões . Evoluem, num verdadeiro balé aéreo (…), deixando-nos extasiados. Eu era um dos cadetes que ficaram seduzidos pelo magnífico espetáculo. Os T-6 faziam meu sangue correr rápido nas veias, acelerado pelo forte pulsar do coração. Foi um dia marcante. Imaginei, desde então, como seria bom estar lá, entre aqueles aviadores”.

Enterrado no São João Batista, enquanto aviões da Esquadrilha da Fumaça sobrevoavam o local.

FONTE: Valduga – Fernando Valduga – São Paulo/SP

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