A Aero-LB deve participar da segunda fase do processo de reestruturação da Varig, que envolverá a alienação das ações da própria companhia. A empresa, que tem como sócios a estatal aérea portuguesa TAP e os brasileiros Álvaro Gonçalves e Alberto Camões, comprou nesta semana duas subsidiárias da Varig: a VarigLog (cargas) e a VEM (manutenção).

Gonçalves e Camões, sócios na Stratus Investimento, têm 80% da Aero-LB. Os 20% restantes são da TAP. “O próximo passo desse processo seria buscar capital de primeira linha para investir na próxima fase [da reestruturação da Varig]”, disse Gonçalves.

Segundo ele, ainda não existe nenhum contrato formal entre a Stratus e a TAP tratando da entrada da Aero-LB na segunda fase do processo de recuperação da Varig. Mas o presidente da TAP, Fernando Pinto, já declarou publicamente que tem intenção de entrar no capital da Varig, que hoje é controlada pela FRB (Fundação Ruben Berta). “Essa seria uma etapa natural do processo”, disse Gonçalves.

Essa participação da Aero-LB no capital acionário da Varig deve seguir os mesmos moldes da primeira etapa do processo –que envolveu a compra da VarigLog e VEM. “O próximo passo poderia seguir a mesma estrutura [da primeira fase]”, afirmou ele.

O executivo não revelou a parcela de investimento dos brasileiros na aquisição da VarigLog e VEM. “Foi uma quantia infinitamente menor que a da TAP e do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).”

As duas subsidiárias foram vendidas por US$ 62 milhões. O BNDES financiou dois terços da operação. Como a legislação brasileira impõe limites para a participação de estrangeiros em empresas aéreas, a A TAP entrou na Aero-LB por meio da Reaching Force. Essa empresa, por sua vez, foi criada em parceria com a Geocapital, pertencente ao magnata do jogo luso-chinês Stanley Ho, e sediada em Macau.

O financiamento do BNDES nessa primeira etapa somou US$ 41,3 milhões. A TAP arcou com 15% da parcela restante de US$ 20,7 milhões. O restante saiu dessa rede de acionistas formada por brasileiros, portugueses, chineses e outros investidores.

Gonçalves negou que a Stratus tenha entrado de última hora na Aero-LB. Segundo ele, as negociações com a TAP já aconteciam há três semanas. “Nesse meio tempo houve um problema com relação à apresentação de garantias, que foi resolvido.”

Segundo ele, a Stratus ajudou a desenhar a operação de compra da VarigLog e VEM em parceria com a TAP.

O executivo também rebateu os rumores de que os brasileiros teriam entrado no negócio apenas para driblar os limites impostos pela legislação à participação da TAP na VarigLog, que tem concessão para operar o transporte aéreo de cargas. “Não existe essa possibilidade. O BNDES não teria aprovado um negócio desse.”

Na avaliação de Gonçalves, a venda da VarigLog e VEM foi uma das transações mais divulgadas e explicadas pelos envolvidos no negócio. “O país não está acostumado ainda com a participação de fundos de private equity em negociações desse tipo. Mas essas operações são muito comuns.”

Ele citou como exemplo a participação do fundo AIG na Gol. “Outras companhias aéreas que estavam em dificuldade conseguiram se recuperar depois de transações desse tipo. Esse é o caso da Continental Airlines.”

Para Gonçalves, as críticas feitas em relação ao valor de compra das subsidiárias da Varig são infundadas. “Tem muita gente interessada em fazer com que as coisas não ocorram. Existem interesses políticos e concorrenciais envolvidos.”

FONTE: Folha de São Paulo – Folha de São Paulo – São Paulo/SP

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