A consultoria Tendências, do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega, irá elaborar o plano de reestruturação da Vasp. A petição com o nome da empresa responsável pelo projeto de reorganização da Vasp foi entregue na sexta-feira à 1ª Vara de Falências da Justiça de São Paulo, na qual corre o pedido de recuperação judicial da companhia aérea.

O Valor apurou que a Tendências contará ainda com o auxílio dos escritórios de advocacia Wald e Associados e Proença Chacur, além de uma consultoria para a área operacional, a BWAC.

A área de reestruturação de empresas é nova dentro da Tendências. Mas, recentemente, a consultoria foi contratada pelo Banco Rural para encontrar uma nova “vocação” para a instituição financeira depois de ter seu nome envolvido nos escândalos políticos.

O trabalho na companhia aérea promete não deve ser nada fácil. Desde janeiro, a Vasp não tem mais licença para voar e acumula um passivo de R$ 3,5 bilhões. Em março, a Justiça do Trabalho determinou a intervenção na empresa, afastando Wagner Canhedo, acionista majoritário, sob acusações de desvio de recursos da empresa. A diretoria também foi destituída.

Sob o comando de Raul de Medeiros, a comissão interventora entrou com o pedido de recuperação judicial em outubro. Além de Raul, existem outros dois membros nessa comissão: um indicado pelo Ministério Público do Trabalho e outro pelo próprio Canhedo.

Foi o grupo interventor que contratou a Tendências depois de uma concorrência com outras sete instituições interessadas em tocar o projeto de reerguimento da Vasp.

A previsão é que no dia 12 de dezembro a companhia aérea entregue à Justiça seu plano de reestruturação, mostrando aos credores como pretende sair da situação em que se encontra hoje.

Segundo o Valor apurou, o projeto de recuperação da Vasp prevê que a companhia volte a operar suas 27 aeronaves – frota própria, com idade média acima de 20 anos – em um modelo de baixo custo, similar ao da Gol. A projeção traçada pela equipe responsável pela reestruturação da empresa é que a demanda pelos serviços aéreos será crescente nos próximos anos.

A grande dúvida é como a companhia voltará a trabalhar sem caixa para abastecer as aeronaves, fazer a manutenção e pagar o salário dos funcionários.

É uma situação bastante diversa da vivida pela Varig, que também entrou com pedido de recuperação judicial, mas continua operando.

Outra parte do projeto também supõe o uso do patrimônio imobiliário da companhia aérea.

De acordo com o último balanço entregue pela companhia, de junho de 2004, a empresa possuía R$ 103,1 milhões em imóveis. A maior parte dos imóveis é herança dos tempos em que ela pertencia ao Estado de São Paulo.

Será com base nessas duas ações que a Vasp pretende quitar seus débitos. Segundo uma relação entregue à Justiça, entre seus maiores credores estão o Banco do Brasil (R$ 439,4 milhões), a Infraero (R$ 396 milhões), o fundo de pensão Aeros (R$ 115,2 milhões) e a Petrobras (R$ 112,8 milhões). As dívidas trabalhistas somam outros R$ 80 milhões.

Também há valores importantes devidos às próprias empresas de Canhedo, como o Hotel Nacional (R$ 79,3 milhões) e a Agropecuária Vale Araguaia (R$ 56,6 milhões). A lista publicada pela companhia exclui impostos.

FONTE: Valor Econômico – Valor Econômico – São Paulo/SP

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