A TAM fechou o ano de 2009 com lucro líquido de R$ 1,3 bilhão, principalmente em função da marcação a mercado das operações de hedge de combustível e da valorização do real frente ao dólar, revertendo o prejuízo de R$ 1,5 bilhão registrado em 2008.
“Com um sólido planejamento, fomos arrojados e mantivemos nossos investimentos e nosso plano de frota”, destaca o presidente da TAM, Líbano Barroso. “Ao mesmo tempo, fizemos um esforço concentrado de redução de custos, sem abrir mão da qualidade dos nossos serviços, e o resultado foi a queda em 14,7% nos custos unitários dos assentos ofertados (Cask – Cost per available seat kilometer). Conseguimos, assim, reagir bem aos efeitos da crise e estamos bem posicionados para seguir prestando os melhores serviços nessa retomada do crescimento econômico.”
O lucro operacional (EBIT) em 2009 foi de R$ 336 milhões, com redução de 51,8% em relação ao obtido no ano anterior, devido ao efeito conjugado de três fatores causados pela crise financeira global: retração das viagens de negócios, redução do yield (preço médio pago por passageiro em cada quilômetro voado) e diminuição das taxas de ocupação nos voos domésticos e internacionais.
Em 2009, a TAM transportou 30,4 milhões de passageiros pagantes em seus voos domésticos e internacionais, com leve alta de 0,9% em relação ao total transportado no ano anterior. Apesar disso, a receita operacional bruta da companhia neste ano recuou 6,5% na comparação com 2008, para R$ 10,3 bilhões, influenciada pela crise global, que atingiu principalmente as viagens de negócios – que historicamente representam 75% do total de passageiros transportados pela TAM, contra a média de 68% do setor.
Nesse ambiente, a companhia registrou uma queda de 14,2% na receita média por passageiro em cada quilômetro voado (yield), o qual recuou 18% no mercado doméstico, para 21,9 centavos de real, e 15,6% nos voos internacionais, para 14,2 centavos de real. As taxas de ocupação recuaram 2,8 pontos percentuais, para 68,2% em 2009 na comparação com o ano anterior, sendo que nos voos domésticos a redução foi de 2,7 pontos percentuais, para 65,4%, e nos voos internacionais houve uma queda de 3,1 pontos percentuais, para 72,4%. A companhia encerrou o ano com market share de 45,6% nos voos domésticos e de 86,5% no segmento das linhas internacionais operadas por empresas aéreas brasileiras, mantendo a liderança nesses dois mercados.
A política de hedge de combustível da TAM foi mantida em 2009. A companhia renegociou suas posições de hedge com o objetivo de diluir o desembolso de caixa, que ficaria concentrado no primeiro semestre de 2009, e de liquidar a maior parte dos contratos em um período cuja expectativa era de menor volatilidade e com níveis mais próximos dos preços de exercício (strikes) das operações. O resultado da renegociação foi uma redução de saída de caixa de US$ 117 milhões ao longo de 2009, que permitiu fortalecer a posição de caixa da empresa. Além disso, houve a reversão da perda contábil de hedge registrada em 2008.
A TAM encerrou 2009 com disponibilidades de caixa de R$ 2,1 bilhões (considerando caixa e equivalentes, além de títulos e valores mobiliários). Durante o ano, a companhia captou mais de R$ 1 bilhão, sendo U$ 300 milhões em outubro com emissão de “bonds” e outros R$ 600 milhões em julho com o lançamento de debêntures não conversíveis.
A comparação dos resultados do quarto trimestre de 2009 com o trimestre imediatamente anterior mostra uma recuperação nas operações da TAM, em consonância com a tendência de forte crescimento do mercado registrada no período. A receita operacional bruta cresceu 5,3% nesse período, para R$ 2,6 bilhões. O lucro operacional, por sua vez, aumentou 35,9%, para R$ 137,4 milhões de outubro a dezembro, e a margem operacional líquida subiu 1,2 ponto percentual, para 5,4%. O lucro líquido, por sua vez, decresceu 58,6%, para R$ 143,9 milhões no período, principalmente em função de um resultado financeiro menor.
Na comparação anual dos trimestres, a receita bruta registrou queda de 13%, o lucro operacional recuou 55,2%, enquanto o lucro líquido se contrapôs ao prejuízo de R$ 1,2 bilhão registrado no 4º trimestre de 2008, determinado pelas perdas contábeis em função da marcação a mercado das operações de hedge de combustível e pela desvalorização do real frente ao dólar, numa situação inversa à de 2009.
O yield no mercado doméstico recuou 25,3%, de 27,6 centavos de real no quarto trimestre de 2008 para 20,7 centavos de real no mesmo período de 2009. Na comparação entre o terceiro e o quarto trimestre de 2009, a queda foi de apenas 1,2%, refletindo a forte recuperação da demanda. No mercado internacional, o yield caiu 28,7% na comparação anual, para 13 centavos de real nos três últimos meses de 2009, enquanto a redução do terceiro para o quatro trimestre foi de 4,7%.
Entre as grandes realizações da companhia em 2009, destacam-se as conquistas da unidade de MRO (Maintenance, Repair and Overhaul): o Centro Tecnológico da TAM, localizado em São Carlos, no interior do Estado de São Paulo, recebeu certificações fundamentais para a expansão de seus serviços de manutenção. Em junho, o MRO firmou contrato com o Grupo LAN. Ao longo de 2009, realizou manutenção programada de 13 aeronaves da companhia chilena.
Em setembro, a FAA (Federal Aviation Administration), principal autoridade aeronáutica norte-americana, emitiu o certificado FAR 145, que autorizou a TAM a realizar a manutenção de aeronaves matriculadas nos Estados Unidos. Em agosto, o DGAC (Dirección General de Aeronáutica Civil), órgão do governo do Chile, já havia emitido o certificado para prestação de serviços em aeronaves Airbus A318 de matrícula chilena. Na sequência, foi obtida a mesma certificação do governo equatoriano. Em território brasileiro, obteve da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) uma importante certificação em outubro: o MRO da TAM foi autorizado a realizar manutenção para a estrutura completa (exceto motores) de aeronaves B767. A TAM também é certificada pela autoridade aeronáutica da Europa, a EASA (European Aviation Safety Agency), e possui a certificação IOSA (IATA Operational Safety Audit) de segurança operacional.
Em mais uma clara demonstração de confiança no crescimento da economia brasileira nos próximos anos, a TAM formalizou a aquisição da Pantanal Linhas Aéreas, empresa de aviação que atende cidades de densidade populacional média nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná a partir do aeroporto de Congonhas (SP).
A compra da Pantanal, anunciada em dezembro de 2009 e aprovada em março pela ANAC, é de grande valor estratégico para a TAM. Adquirida por R$ 13 milhões, a empresa transportou cerca de 260 mil passageiros e faturou R$ 52 milhões em 2009, contando com cinco aeronaves ATR 42. Os planos da TAM prevêem um aumento da frota para atender a este segmento do mercado em 20 aeronaves nos próximos quatro anos.
Uma das prioridades da TAM para 2009 foram os preparativos para o ingresso na Star Alliance, a maior aliança mundial de empresas aéreas. “Graças ao empenho dos nossos funcionários, cumprimos importantes requisitos para a adesão definitiva à aliança, em 13 de maio de 2010”, ressalta Líbano Barroso, e acrescenta: “Como membros da Star Alliance, assumimos o posto de empresa aérea de padrão global e consolidamos nossa presença internacional”. Atualmente, a aliança oferece o acesso a 1.077 aeroportos, localizados em 175 países ao redor do mundo. Com a integração, a companhia estima um ganho em receitas de US$ 60 milhões por ano.
Uma das ações prioritárias para a adesão à Star Alliance foi a migração dos sistemas comerciais de gestão de passageiros e de check-in. A TAM cumpriu o cronograma e a Amadeus Altéa CMS tornou-se a plataforma padrão da companhia.
A TAM aposta no forte crescimento da demanda no mercado brasileiro de aviação civil, entre 14% e 18%. Em função disso, vai aumentar a oferta de assentos no mercado doméstico por meio da maior utilização de suas aeronaves e da ampliação da frota. O crescimento da oferta no mercado internacional será realizado com a incorporação de duas novas aeronaves Airbus A330 que, durante a primeira metade do ano, serão utilizadas em voos fretados seguidos de dois novos voos regulares ao exterior, partindo do Rio de Janeiro para Frankfurt e Londres. Com o aumento da utilização das aeronaves e a esperada estabilização da taxa do dólar, conjugados com os esforços de redução de custos que serão mantidos, a TAM acredita que os custos unitários por assento-quilômetro oferecido (Cask) serão reduzidos em 6%, excluindo os custos com combustível.
A TAM encerrou o ano com uma frota de 132 aeronaves, sendo 125 modelos da Airbus (2 A340, 16 A330, 5 A321, 81 A320 e 21 A319) e 7 da Boeing (4 B777-300ER e 3 B767). O plano de ampliação da frota foi revisto e a previsão é chegar ao final de 2010 com 148 aeronaves em operação, com mais 11 aviões em relação ao plano anterior, entre os quais estão os cinco da Pantanal. A estimativa para 2014 é ter uma frota com 165 aviões.