A VarigLog planeja operar este ano com menos da metade de seu tamanho atual. A companhia pretende demitir 962 pessoas do seu quadro de 1.643 empregados, conforme plano de reestruturação elaborado e apresentado recentemente. Do total de corte previstos, são 112 aeronautas (pilotos e co-pilotos) e 850 aeronautas (empregados em terra). Atualmente, a VarigLog tem 208 aeronautas e 1.435 aeroviários.
A frota atual da VarigLog está composta por cerca de 10 aviões, mas apenas três em condições de vôo. A companhia tem planos de ter pelo menos até 20 aeronaves no médio e longo prazo, mas, agora, a idéia é ter apenas seis modelos da Boeing, sendo quatro 757-200F e dois 727-200F. Para poder operar com esse porte, a empresa pretende manter 96 aeronautas e 585 aeroviários.
A secretária-executiva do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, diz que a VarigLog quer criar uma comissão com os sindicatos para poder efetivar seu plano de reestruturação. Ela exige que os direitos do trabalhador sejam garantidos. “Eles (VarigLog) vão, com certeza, demitir mais do que isso. Não vamos participar de comissão nenhuma. O que queremos é que cumpram com a convenção coletiva de trabalho. Caso contrário, vamos entrar na Justiça para anular as demissões”, afirma Selma.
A atual administração da VarigLog foi procurada, mas não retornou o contato. “Achamos elevado o número de demissões, considerando que eles tem planos de trazer novos aviões. Exigimos o cumprimento de todos os itens da convenção coletiva de trabalho, como pagamento de FGTS e do fundo de pensão Aerus”, afirma a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio.
Ela lembra que o FGTS não é depositado desde julho do ano passado. Pelo plano de reestruturação, a folha de pagamento da VarigLog, em março, foi de R$ 3,5 milhões. Só com encargos foram mais R$ 3 milhões. Os gastos com diárias de vôo aos tripulantes foram de R$ 65 mil. Para benefícios como vales refeição, de transporte e alimentação foram mais R$ 775,5 milhões.
A Varig Log está sendo administrada atualmente pela Martel Assessoria e Consultoria Aeronáutica, contratada pelo fundo americano Matlin Patterson, dono de 60% do capital total da companhia. O presidente da Martel, Eduardo Arthur Rodrigues da Silva, é atualmente o presidente da ex-subsidiária de cargas da Varig. A companhia está em crise desde que vendeu a Varig para a Gol, por US$ 320 milhões, em abril do ano passado.
Seus acionistas, que incluem os brasileiros Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel, entraram em um litígio judicial com o Matlin, representado no Brasil por Lap Wai Chan. Acusações mútuas de desvio de dinheiro e má administração levaram a Justiça de São Paulo a afastar da gestão da empresa Chan e os brasileiros, que também foram afastados da sociedade.
FONTE: Monitor Mercantil – Não indicado pela redação do veículo – São Paulo/SP