Agentes de segurança infiltrados em vôos comerciais devem usar pistolas compactas com uma munição especial, mais “macia”, para minimizar o risco de que uma bala perdida abra um rombo na cabine pressurizada dos aviões. Mesmo que isso aconteça, especialistas em balística e aviação afirmam que não haveria danos catastróficos à fuselagem, e a idéia de aviões se partindo em pleno vôo ou de passageiros sendo sugados é considerada fora de cogitação.
“Um tiroteio em si não deveria fazer com que uma aeronave se rompa”, disse Philip Butterworth-Hayes, editor da revista Jane’s Aircraft Component Manufacturers. “A idéia de que haja pessoas dando rajadas de metralhadoras a 12 mil metros de altura é algo que não vai acontecer. Haverá um ou dois únicos tiros em caso de confronto entre agentes e supostos terroristas. Seria assustador, seria devastador para os passageiros a bordo, mas não levaria à destruição do vôo.”
Mike McBride, especialista em balística e editor da revista Jane’s Police and Security Equipment, disse que a arma ideal para fazer disparos repetidos a curta distância seria uma pistola de tamanho discreto, como a Glock 9mm, austríaca, capaz de dar 10 a 15 tiros de cada vez. Em vez dos projéteis revestidos de cobre, como os usados pelos militares, esses agentes deveriam preferir balas com a ponta “macia” ou de uma cerâmica mais frágil, que, embora continue sendo letal, não ricocheteia nem penetra em objetos muito duros. “A munição deve ser capaz de conter um seqüestrador suicida, mas não deve ser poderosa a ponto de penetrar e destruir a fuselagem de um avião”, afirmou McBride.
No mês passado, os Estados Unidos iniciaram uma polêmica internacional ao anunciar que pretendem exigir que companhias aéreas estrangeiras coloquem agentes armados em alguns vôos com origem, destino ou escala no país. Algumas empresas e sindicatos de aeroviários protestaram, afirmando que a medida colocaria em xeque a autoridade dos pilotos e ameaçaria, em vez de melhorar, a segurança dos passageiros e dos aviões. “O fato de ter um monte de gente atrás de você com armas e balas em um avião pressurizado não é uma idéia feliz”, disse um porta-voz da Associação Britânica dos Pilotos.
Mas especialistas da Jane’s dizem que a pressurização em si não é um problema tão sério. “A despressurização é um problema, mas não um problema importante. Você baixa o avião até um nível aceitável. Não causaria danos estruturais”, disse Butterworth-Hayes. “O buraco de uma bala de 9mm não é um problema grave em um avião. É claro que se as pessoas começarem a detonarem bombas a questão é diferente.”
Para igualar a pressão interna e externa, de modo que as pessoas possam respirar sem máscaras, o piloto precisa baixar o avião até uma altitude de 3.000 metros, aproximadamente, o que pode levar vários minutos, segundo ele. McBride disse que os agentes devem trabalhar em duplas nos aviões e receber o mesmo treinamento das equipes da Swat (polícia especial norte-americana), cujos integrantes são preparados para combater bandidos em espaços confinados, como prédios ou veículos. Os especialistas dizem que os agentes devem ser colocados junto a suspeitos identificados previamente ou em poltronas no corredor, de onde possam ter uma boa visão da parte frontal da cabine.
FONTE: Reuters – Fernando Valduga – Porto Alegre/RS