O governo pretende fazer com que o resultado da licitação para a construção de novos aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) beneficie a Embraer, independentemente de a empresa sair ou não vencedora da concorrência.
“É parte da nossa estratégia favorecer a participação da indústria nacional neste empreendimento”, disse o ministro da Defesa, José Viegas.
Esse estímulo não significa beneficiar a Embraer na concorrência. A intenção é criar um contrato que obrigue a transferência de tecnologia.
Ou seja, a empresa que vencer a licitação será obrigada a fornecer para o Brasil, no caso a Embraer, detalhes da tecnologia que estará sendo usado na fabricação dos caças.
A Embraer disputa a concorrência para a construção dos caças em parceria com a francesa Dassault, que tem tecnologia para a construção do supersônico Mirage-2000BR.
A Rússia também quer participar da licitação e envia ao Brasil, no próximo dia 17, uma missão para apresentar o seu projeto.
Os russos ofereceram ao Brasil o Mig-29 e o Sukhoi Su-35. Os russos estão associados com a brasileira Avibrás e esperam que o Brasil escolha o Su-35, considerado um modelo mais moderno.
Outros concorrentes são os anglo-suecos da Gripen e os norte-americanos, que oferecem ao governo brasileira o avião F-16.
A transferência tecnológica é um pré-requisito da FAB. Sem ela, compra-se o avião e não se pode adaptá-lo ao novo caça da FAB, pois é preciso conhecimento específico para a instalação dos sistemas de computador e operacionais que controlam e integram os sistemas de radar e armas das aeronaves.
Caso a Rússia ganhe a concorrência, o país informou que estaria disposto a negociar uma cooperação com a Embraer.
A empresa brasileira, no entanto, rechaça essa possibilidade, até porque não poderia admiti-la enquanto participa da disputa.
“O processo está em curso e espera-se uma definição dos próximos dias”, disse o presidente da Embraer, Maurício Botelho.
A construção de caças para a FAB é um projeto orçado em US$ 700 milhões e que deve ser fechado até março deste ano.
O líder do governo no Congresso, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que não haverá privilégios que favoreçam a Embraer nas licitações, mas que governo terá de buscar formas que garantam a transferência de tecnologia.
“Não há privilégios, mas é evidente que como se trata de um tema militar deve fazer parte a transferência de tecnologia. E a Embraer é a empresa brasileira que tem todas as pré-condições de receber essa transferência”, disse.
As declarações de Mercadante, Viegas e Botelho foram feitas hoje durante o lançamento do novo avião da Embraer, o Embraer 190, em São José dos Campos.
A apresentação da aeronave foi feita durante um evento do qual participou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), entre outros.
FONTE: ELAINE COTTA, Folha Online – Fernando Valduga – Porto Alegre/RS