A Embraer começa a ver, gradualmente, mais apetite do mercado financeiro pelo setor aéreo, que desde os atentados de 11 de setembro nos EUA enfrenta dificuldades de financiamento. Ainda assim, o tom é de cautela.

“O mercado financeiro começa de novo a olhar para esse segmento. As fontes de financiamento começam a se abrir novamente, além das agências nacionais de fomento à exportação”, disse o presidente da Embraer, Maurício Botelho, nesta quinta-feira.

A quarta maior fabricante mundial de aviões, que iniciou este mês as entregas do primeiro jato da nova família de aviões para 70 a 118 passageiros, prevê investimento de US$ 1,2 bilhão nos próximos cinco anos.

“A nossa empresa é focada em crescimento (…) Temos que permanentemente investir”, disse Botelho, apostando na janela de oportunidade aberta para os novos aviões da Embraer com a saída do Fokker e da BAE Systems do mercado de aeronaves regionais.

A maior parte dos investimentos será no setor de aviação comercial, de onde a Embraer tira mais de 70% de sua receita.

Botelho disse que o nível atual de pedidos em carteira é “bastante confortável”, mas vê alguma incerteza sobre as opções de compra. “É óbvio que hoje não temos a mesma visão de confirmação de opções para pedidos firmes como tínhamos nos anos 1990, que era enorme. Mas ainda tenho a percepção que parte das opções será confirmada”, comentou nesta quinta-feira durante apresentação dos resultados em 2003.

Em dezembro, as encomendas firmes à Embraer somavam US$ 10,6 bilhões, contra US$ 9 bilhões um ano antes. Somando as opções de compra, o número passou de US$ 22,2 bilhões para US$ 28,1 bilhões

A companhia teve lucro no ano de quase 588 milhões de reais, queda de cerca de 50% em relação a 2002 e reflexo da queda nas entregas de aeronaves, que caíram de 131 para 101.

Em 2003, a Embraer enfrentou cancelamentos de contratos e alguns adiamentos. Não há nada nesse sentido em negociação no momento, garantiu o executivo.

A Embraer tem forte dependência de empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar suas vendas e vem trabalhando para ampliar as fontes de recursos.

No ano passado, por exemplo, a empresa conseguiu financiamento de 415 milhões de dólares via EETC (Enhanced Equipment Trust Certificate), nos Estados Unidos, para viabilizar pedido da norte-americana Continental Airlines. A demanda pelos bônus –que são estruturados com recebíveis da companhia aérea e têm como garantia os aviões– superou em quatro vezes a oferta, segundo a Embraer.

Apesar de ver sinais positivos, Botelho enfatiza que as linhas de crédito oferecidas à indústria da aviação ainda estão bem aquém dos patamares de antes de setembro de 2001, devido à crise nas companhias aéreas e ao risco de novos atentados. “Há um processo permanente de negociação por financiamentos, pedido a pedido.”

Das entregas de jatos previstas para este ano –de 160 unidades–, 95% referem-se a encomendas firmes. O financiamento dessas vendas está encaminhado, segundo Botelho.

Se a meta de entregas de 2004 for atingida, a Embraer terá expressivo aumento na receita e no lucro, segundo executivos da companhia. Além do maior número de aeronaves, o resultado terá impacto das entregas do ERJ 170, de preço mais elevado.

FONTE: Reuters Investor – Fernando Valduga – Porto Alegre/RS

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