O desanimo dos empregados e a rápida deterioracao do mercado demandam os gerentes da companhia a tomarem decisões drásticas rapidamente.
Essas decisões devem ser baseadas no bom-senso dos executivos ao invés de mirabolantes fórmulas mágicas que frequentementem imperam. Para começar, todo o time gerencial deve ser substituído e encolhido de modo a espalhar o mais rápido possível uma nova cultura organizacional, o que significa o fim das viagens de luxo, dos escritórios sofisticados e dos salários extravagantes. Nos Estados Unidos, existem varios executivos, ao melhor estilo do Wall-Mart e da Southwest Airlines, que desejariam assumir esse desafio. A idéia é convencer os outros empregados ao argumentar que um ambiente de trabalho com maior igualdade seja a última saída para que se restaure a lealdade de todos e assim tentar salvar a empresa. É dificil pensar em outra estratégia que pode facilitar as novas concessões saláriais, na casa dos 35 a 40%, que são vitais para a boa-saude financeira que a US Airways tanto necessita.
Os diretores precisam parar de discursar e verdadeiramente agir para que essa lealdade seja alcançada, pois apenas os gerentes abaixo e demais empregados unidos serão capazes de tirar a companhia do marasmo. Se os pilotos e comissários perceberem que o alto-escalão diretivo esta recebendo apenas ações, então a probabilidade de serem convencidos a se sacrificar em novas negociações saláriais aumentará. A ideia é que um executivo remunarado dessa forma realmente acredite na sua capacidade de contornar os problemas administrativos e esteja verdadeiramente comprometido com a empresa no longo periodo. Se as concessões saláriais forem realmente divididas o animo corporativo poderá melhorar.
As chaves do sucesso para os gerentes são a habilidade de se concentrar e usar o tempo de forma correta ao estabelecer prioridades e resolver problemas mais urgentes. A US Airways, primeiramente, precisará mapear aonde ganha e perde dinheiro. Os executivos envolvidos nesse processo precisam ser tomadores de decisão e motivadores, de modo a instruir os níveis hierarquicos mais baixos sobre como atacar as deficiências agilmente. Uma das coisas mais importantes é compreender que cada problema da US Airways não pode ser reduzido e estruturado a um estudo de caso se o objetivo é sair da moratoria e possivel liquidação. Na vida corporativa, iremos sempre encontrar individuos que precisam de mais opiniões e pesquisa para se decidirem, mas após um certo ponto, todos os fatos relevantes já foram apresentados e a decisão precisa ser tomada mesmo havendo algum risco. A US Airways não pode se dar ao luxo de diminuir a velocidade nesses processos de decisão agora, principalmente num momento que ela perde centenas de milhares de dólares diariamente.
Relendo novamente essas ideias, a primeira pessoa que vem a minha mente é Lee Lacocca, o ex-presidente da Chrysler. Ele foi capaz de implementar integralmente o que foi dito acima e funcionou bem. Mas sera que alguem deveria trabalhar de graça e receber apenas 1 dólar por ano hoje em dia? Certamente, nessa altura dos acontecimentos, a US Airways precisa de um messias corporativo e não um simples CEO. Sera que milagres empresariais ainda existem ?
Ciro Camargo
O autor e candidato a um doutorado sobre aliancas estrategicas em transporte aereo na Universiteit van Amsterdam. Contate-o no e-mail ciro.camargo@uol.com.br
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FONTE: Aviação Brasil – Ciro Camargo – São Paulo/SP